TARRAFAS- CE

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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

ANTROPOLOGIA CULTURAL




Dissertação sobre a relação entre antropologia e educação, abordando elementos tais como: cultura, relativismo cultural, etnocentrismo, socialização e multiculturalismo.









 ANTONIA OSCARINA ALCANTARA


















JUAZEIRO DO NORTE - CE
-2009-



A antropologia assume uma perspectiva integral no estudo de uma pessoa. Ela se preocupa com o que as pessoas são, pensam e fazem, e se abrange a toda extensão dos comportamentos humanos, porque tudo no estudo do homem, constitui-se em pensamento e ação. Desse modo, a antropologia é uma ciência comportamental, que ao nosso vê, pode sofrer grades alterações no seu percurso de estudo, e com muita precisão ela distingue os aspectos do comportamento humano, que são resultados de herança biológica e que são aprendidos.
A definição mais curta de antropologia pode ser tirada do próprio sentido etmológico do termo: Anthropos, palavra grega que significa homem e Logia, outro vocábulo helênico, que significa estudo ou ciência. Logo a antropologia é a ciência do homem. Ora-se pode objetar que não é somente a antropologia que estuda o homem. Muitas são, realmente as disciplinas científicas que se preocupam do homem, por exemplo, a genética, a sociologia, a zoologia, a psicologia, etc. (MELLO, Luiz Gozaga. P.34).

Assim, sabemos que a antropologia é apenas mais uma ciência que se propõem a estudar o homem, só que em uma área comportamental. A antropologia desenvolveu um conceito de cultura que antes, não era dado tanta importância. A cultura era apresentada como tudo que não era biológico, que não era ambiental. Mas como explicar a cultura desconsiderando esses fatores, se esses influenciam diretamente nos relacionamentos e comportamentos humanos?. Exemplo: A biologia diz que precisamos comer, a cultura diz o que comemos ou não, quando comemos, a freqüência de comer, como comemos (se com dedos, garfos, pauzinhos, etc.).  Precisamos de proteção: que tipo de roupa ou abrigo?; Precisamos dormir: quando? Onde?  De que forma? Em quê?. Aprendemos com isso que todas as culturas são essenciais, e ela se dar das necessidades biológicas, ambientais, sociais, psicológicas, então, não podemos enxergar a cultura em total desligamento dos fatores a que a cerca. A antropologia generaliza a respeito do comportamento humano, com base nos dados de muitas culturas e não somente nas culturas ocidentais, regionais ou locais, mas em uma visão global das múltiplas e mais diversas culturas.
A cultura não e só a manifestação artística ou intelectual que se expressa no pensamento. A cultura manifesta-se, sobretudo, nos gestos mais simples da vida cotidiana. Cultura é comer de modo diferente, é dar a mão de modo diferente, é relacionar-se com o outro de outro modo. A meu ver, a utilização desses três conceitos- - cultura, diferença, tolerância – é um modo novo de usar velhos conceitos. Cultura para nós , gosto de frisar, são todas as manifestações humanas, inclusive o cotidiano, e é no cotidiano que se dar algo essencial: o descobrimento da diferença ( Faundez e Freire, 1985:34).

            Em uma visão educacional a antropologia, contudo não deixa de ser uma área precisa da educação, pois estudar o comportamento humano. É um processo educacional que exige muitas pesquisas e observações. A educação por sua vez tem dado a antropologia um espaço muito grande e parte dela os estudos comportamentais. Existem vários métodos de pesquisa cientifica em relação à antropologia e a educação, uma delas que podemos citar é a área da observação participante, porque o que muitos antropólogos precisam aprender, muitas vezes não está em livros, pois o transculturalismo é necessário ser vivido pelo antropólogo. Ali quando ele passa a viver outras culturas ele sente a necessidade de aprender a apreciar as pessoas e suas perspectivas de vida, emergindo na cultura de outros e participando dela, aprendendo a vê-la como a vêem os nativos. A antropologia educacional também focaliza a interação humana, pois muitas vezes nossa cultura afeta nossa percepção, daí a sociedade precisa rever a comunicação inter-cultura que existe dentro de cada ser, para que possamos saber diferenciar a percepção do individuo de outra cultura. É importante ver do ponto de vista do receptor, e para isso, temos que ser abertos aos outras culturas. Nunca conseguiremos nos dispormos em uma totalidade de nossas culturas, nem a antropologia nos ensina isso, apenas temos que sermos sensíveis a sentir, a analisar e a compreender que todo povo tem seus comportamentos, valores, crenças, cosmovisão, hábitos, suas necessidades e são justamente delas que nascem as culturas, que é por fim um modo de vida de um povo.
Muitas questões se colocam na arena do cenário educativo nos nossos tempos hoje, o etnocentrismo consome a sociedade, pois ela infelizmente ainda não compreendeu e não consegue viver o multiculturalismo que o mundo vive. Grande parte dos homens acredita apenas em sua cultura como fidedigna, apenas em suas verdades aprendidas nos berços, outras no meio de um povo que nunca se propôs a aceitar, a compreender a cultura de outros.
Existe hoje uma necessidade muito grande de se discutir e repensar as questões sociais, muitas vezes ligadas à pluralidade de enfoques da cultura da escola, que tem um papel muito importante na sociedade. Pensar a educação escolarizada a partir da perspectiva ou dimensão cultural, romper os preconceitos muitas vezes criados pela a própria escola. É um processo de globalização difícil mais não impossível. Hoje já se faz necessário o estudo afro na grade curricular brasileira, porem, cultura não é apenas os costumes brasileiros, africanos, indígenas, etc. Vai muito mais alem essa reflexão. Nessas teias complexas das culturas propomos que as escolas introduzam mais debates sobre a identidade de um povo, sobre seus costumes, valores, nos diferentes campos sociais, e por sua vez crie nas escolas um processo de estudo de globalização multiculturais, e que a escola desenvolva um papel de reflexão, respeito e compreensão pelos mais diversos movimentos socioculturais.
Como nas outras esferas da vida social, os negros (pretos e pardos) são também penalizados no plano da educação: enfrentam maiores dificuldades de acesso e permanência na escola, assim como freqüentam escolas de pior qualidade, redundando em maior índice de reprovação e atraso escolar, do que aqueles observados entre os brancos. Em linhas gerais, as pesquisas sobre oportunidades educacionais tem encontrado trajetórias escolares diversas para amarelos, brancos, pretos e pardos, evidenciando desvantagens para esses últimos no acesso a escola e ao ritmo de sua progressão caracterizado como mais lento e acidentado (Rosemberg, 1989:79)

Os desafios multiculturais são o respeito, a compreensão e o ocultumanto das diferenças, entre gêneros, raças, opções sexuais, de identidades, de origens, de pertencimento, etc. Trazer para todas essas diferenças uma igualdade global.
A identidade individual de um individuo, permite que este seja localizado, ou não seja localizado em um meio social, podendo  ao mesmo tempo, incluir- se,e excluir-se, ou, ser incluído, ou ser excluído de um grupo por seus aspectos culturais.
Compreendemos assim, que o relativismo cultural é muito diverso, contudo se faz necessário uma reflexão sobre as diversidades culturais, pois sabemos que nossa cultura, muitas vezes desaprova praticas que outras culturas aprovam.  Assim reafirmamos o que antes já foi escrito: que não existe culturas melhores ou piores que outras. Porque, o que para nós cristãos é errado, para um grupo de muçumamos pode ser certo, em alguns paises o homossexualismo e a poligamia são aceitos, em outros países é visto como depravação, imoralidade. No nosso próprio país existe diversidade cultural que é desconsiderado de uma região para outra, até mesmo aqui na região cariri, existem grupos que tem culturas que não somos ocustumados a aceitar, como torturas para receber perdão de pecados. E também até na cultura local, ainda existe as subdivisões de grupos e conseguintemente de culturas. Nem todos são obrigados a fazer parte daquele tipo de cultura. A realidade é que as diferenças culturais irão sempre existir tanto nos aspectos, religiosos, econômicos, sociais, e políticos de um povo. Resta - nos então, refletirmos sobre o etnocentrismo, e passarmos a compreender as culturas sem julgá-las. A globalização cultural nos propõe exatamente isso, ocultar os nossos próprios conceitos em relação à cultura do outro, a compreende - lá e a interagir com as tais.
O etnocentrismo, por sua vez é o grande mal causado na sociedade. Muitos acham que apenas a sua cultura é a certa, e a boa, que defendem que sua cultura tem legitimidade, que somente suas normas culturais são corretas e aceitas na sociedade. Assim ela se mostra como a cultura dominante, a fidedigna e a melhor. Já foi visto que este tipo de conceito não é valido, que cultura não deve ser visto e encarada dessa forma. Muitas são as explicações e as teorias a respeito das mais diversas reflexões culturais, nos abrindo um leque muito grande de analises, de pesquisas, que nos deixam ansiosos depois desta iniciativa, a buscar novos conhecimentos em relação a antropologia, a educação e seus elementos que os norteiam.
Não poderia deixar de citar o grande nome da antropologia cultural, Franz Boas. Ele acreditava que para estudar a cultura teria que se olhar também como que cada indivíduo age na sociedade, e em decorrência do sucesso das analises do individua agindo na sociedade é que tinha uma definição em prol da existência de "cultura(s)" e não "cultura"s. Boas, também escreve contra o racismo e a favor do multiculturalismo se tornou o fundador da antropologia cultural norte-americana e suas abordagem se tornou das mais bem aceitas e coerentes.
Para finalizar, acreditamos que a cultura é um modo total de viver. Nela abrange todas as fases da vida, todas as faixas etárias, e todas as circunstancias. Ela é um sistema adaptável, pode ser aprendida, faz sentido àqueles que estam a ela envolvidos, ela estar sempre em constante mudança, e opera em torno de suas próprias suposições ( cosmovisão e ideologias). É a visão de mundo de um povo.
Até quando viveremos assim? Que cultura é a nossa que não nos permiti aceitar a cultura do outro?. Os desafios, os conflitos presentes na problemática da sociedade multiculturais são diversos, muitas já são os textos escritos sobre esse processo de aceitação das culturas, mais ainda o povo se limita a julgar, a achar que somente seus costumes, suas crenças, seus valores são os melhorais, são os corretos. Onde estão os resultados das reflexões?. Devemos reconhecer como agentes revolucionários, os que procedem dessa forma:
É mais do que um ato de compreender quem somos; é um ato de reivindicação de nós mesmos a partir de nossas identificações culturais sobrepostas e de nossas práticas sociais, de forma que possamos vinculá-las à materialidade da vida social e as relações de poder que as estruturam e as sustentam (McLaren, 200:2).

Espera-se que o estudo em relação a este assunto, venha integra a cultura dos dias atuais e que servir de reflexão para histórias culturais particulares de muitos indivíduos.





Referências


CANDAU, Vera Maria. Sociedade, Educação e Cultura: Questões e Propostas. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2002.284p.

MELLO,Luiz Gonzaga de: Antropologia Cultural: Iniciação, Teorias e Temas. Petrópolis, Rio de Janeiro: 15. ed. Vozes,2008.528p.

BOAS, Franz. Race, language and culture. Chicago, The University of Chicago, 1966.

ROSEMBERG, Bernard e WHITE, David Manning. Cultura de Massa. São Paulo, Editora Cultrix, 1973.

FAUNDEZ, A. e FREIIRE, Paulo. Por uma pedagoa da pergunta . Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.
TORRES, Carlos Alberto.  Teoria Critica e Sociológica Política da Educação. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2003.









Antonia Oscarina Alcantara
Juazeiro do Norte-Ce
Novembro de 2009.